13 de Julho de 2015

Eu sei. Se se tratasse de um canto definido entre paredes e um teto, já seriam visíveis teias bem constituídas. Apercebemo-me então que pouco menos de meio ano distancia. Em período de aulas achei por bem afastar-me da escrita diária, num ano que se veio a revelar árduo. Quase tanto como esperava. Dei por mim várias vezes a brigar com o tempo passado, na miragem do usufruto de mais um ano relaxado no ensino básico, onde pela lógica generalizada me devia integrar. Só no fim, com os exames deles a aproximarem-se e o esperado foco inevitável na matéria, agradeci ao presente um ano desprovido de tais dores de cabeça. Repetidamente dei por mim a refletir de modo detalhado sobre variados assuntos, como que a escrevê-los mentalmente, tal um post do blog. Com o acumular de situações destas, a chegada das férias não chegou a ser suficiente para um regresso aligeirado, considerando os detalhes temáticos menos atrativos do que aqueles que ficaram pendentes em tempo de aulas. Porém, como se impacienta um atleta em caso de lesão, sem aquilo que lhe é rotineiro e satisfatório, junto com o receio justificável de destreino, aqui estou eu. 
Foi um espaço de tempo contraditoriamente inovador e pacato. Foram notórias algumas alterações na minha forma de estar e pensar, resultado acumulado de visões rotineiras que ajudam qualquer ser humano que se preze na sua missão de se tornar alguém melhor e contribuir positivamente para que esta misteriosa vida que nos é atribuída tenha um propósito de valor.
Há um acontecimento que se destaca nestes meses aparte, que não fui apta de partilhar enquanto ainda deixaria refletir a emoção do momento. Uma visita ao sítio mais fascinante onde já tive oportunidade de estar: Londres. E que magnífica cidade! Desde sempre a considero destino predileto de entre as cidades europeias. Até mesmo a nível mundial. Cobriu sem falhas as minhas expetativas. Uma explosão de cultura, história, arte e beleza exemplares. Idioma singular, edifícios majestosos e museus cativantes. Poderia ficar horas a descrever todas as sensações dos dias passados na Grã-Bretanha, mas falhar-me-iam os adjetivos para classificar os lugares e vivências desta maravilhosa viagem. Resta-me dizer que apesar de ter feito por aproveitar ao máximo os dias destinados a esta capital, espero em breve poder regressar e conhecer ainda mais aprofundadamente tudo aquilo que esta tem para nos mostrar.
Viajando de volta para a atualidade, tenho andado a tomar especial atenção à literatura. Como já referi, sou alguém desde há muito ligada à internet por defeito, o que na realidade não deve diferenciar de toda uma geração de jovens numa era em que reina a tecnologia. Sinto porém uma maior abstração das situações que interpelam o meu bem estar durante a leitura. Por este motivo ultimamente tenho efetuado muitas aquisições nesta área.
Para terem uma ideia do que cruza a minha mente nos últimos tempos, formulei um ideal de que sou uma pessoa que para benefício próprio se torna bastante fechada para si mesmo no presente mais presente. Aquela necessidade de ter sempre algo para fazer e sítios onde ir coberta pela teoria de que sem agir não ganhamos nada, mas a possibilidade de perdermos é nula.

16 de Fevereiro de 2015 / Espelhos da alma

[Incompleta descrição durante uma viagem de comboio].
Fascina-me observar o rosto das pessoas com maior vivência. Cada traço, cada ruga, cada mancha, demonstram um sobrepor de anos, aventuras, momentos e sentimentos. Uma vida que há muito tem vindo a ser esboçada. Com um leve apreciar retiro o embaciar que o tempo acarreta ao olhar, enfuscando o brilho que outrora envergava essa vista. O desvanecido azul que previamente enfeitiçaria o olhar de qualquer mirante, e agora também o faz, remetendo para um doce, belo, triste, amargo passado. O verde garrafa, antes relva ao orvalho da madrugada. O castanho reluzente, agora madeira escurecida.

9 de Fevereiro de 2015 / Felicidade oculta

Por vezes a falta de algo benéfico para aqui comentar leva-me a nem sequer por a hipótese de digitar mais um dia neste escape da vida real. Não lhe pretendo atribuir uma carga demasiado negativa, mas os dias apressam-se e do que ocorre pouco é dado como favorável e a deceção obrigatória, seja devido a algo, alguém ou profundos sentimentos. A desconsolada repetição temática desinteressa e, nesse caso, porque não alegrar as sentenças e descortinar alvura de entre a escuridão? Meu coração ultimamente descompassa inadvertidamente nas maiores aflições, e temo não arranjar meio de contornar este estado. O ser humano é por defeito programado para dramatizar ainda mais a tristura, daí quando angustiam optam por escutar música depressiva ao invés de algo que as contente. Daí prenderem-se a um mal delineado período ultrapassado e não se centrarem na construção de um bem-aventurado futuro, baseado no sorriso presente. O segredo é esse mesmo, rir sempre. O que passou já lá vai e o que vem terá que ser melhor. E ao contrário do que parece, a felicidade é uma escolha individual e independente de factores externos. Não desistimos hoje, e o amanhã mostrar-nos-á porquê. Agora falta aplica-lo quando o mundo parece desabar sobre nós e o infortúnio se repete. "Centra-te nos pontos positivos", dizem eles. Como que somem do enredo quatidiano e camuflam entre a demais melancolia. Porém, estão lá. Há sorrisos que me tomam como motivo e abraços que realmente acarinham. Há um feliz mundo por trás da negra tinta com que o pinto.

5 de fevereiro de 2015 / Na margem do caderno

Ouço o vento que sopra lá fora, ligeiro. Compassado, soa o ponteiro. Dele, sinto o cheiro a conversas encriptadas, falas inacabadas... O feitiço que agora deixa a dor com que me ignora.

3 de fevereiro de 2015

Hesito por onde iniciar esta carta que, antecipo, jamais alcançará seu remetente. Estranho não a arranjar num típico anseio de extrema saudade, ou desalentada etapa. Dei por mim porém a achar entre memórias a tua desvanecida imagem, que outrora não escaparia a minhas andanças. Não intencionando tal negativismo, detenho agora uma breve nostalgia que assemelha veneno a percorrer lentamente cada interna ramificação. Tu, de quem a vinda sempre ansiava e o tardar preocupava. Pensei nunca em minha vida ver-te um dia assim, apartado de meu porto, sem esperança de total retorno. Exclusivamente meu travesseiro assistiu à dor que uma ou duas vezes tomou forma, salgada e brilhante, por insegura falta.
Tenta vislumbrar uma casa, colorida, bem feita, uma bela estrutura, à qual é retirada um pilar. Não desaba, mas treme. As consequentes rachas podem ser claramente ocultadas, mas ficam lá. Disfarçadas ou escondidas, existem. Jamais será a mesma casa, por mais que o tempo passe, por mais adornada que se torne.
Pergunto-me, senão do comprimento antes de deitar, o lugar vago à mesa, a energia contagiante que outrora tinha, os discursos pós leitura, jogos e incidentes, sorrisos ou simples falar, não sentirás vazio algures nesse mundo onde eu não estou? E, para melancólica surpresa, duas lágrimas disparam em simultâneo à escrita deste parágrafo, vistas num passado sem retorno. É verdade o que digo, mas se me falarem da tua ausência, o silêncio tomará posse de todo o meu depoimento, pois a obrigação do afastamento leva a uma dissipação de pensamentos quase imposta, sendo que a adoração permanece, encoberta, junto ao coração.
O sono e a preocupação de um dia que irá começar cedo impõem-se à minha capacidade de desenvolver linhas com algum nexo. Ou talvez será apenas a necessidade de parar as lembranças dos anos que passaram, o teu sorriso ou abraço, que me apunhalam o íntimo. Com carinho me despeço, neste complicado memorar de ti.

14 de janeiro de 2015 / Mente turbulenta

A minha cabeça foi, é e para sempre será um redemoinho constante de ideias, preocupações e todo o género de futilidade sem as quais a minha vida seria deveras facilitada e que poderiam ser substituídas por vibrações positivas ou desviadas para uma dimensão intelectual. Sofro dependência da sobreutilização do pensamento para fins não lucrativos. Sim, porque todo esse emaranhado de sucessivos medos, tristezas e dispensáveis perturbações nunca irão contribuir de forma positiva para o meu quotidiano nem para a sanidade da minha mente ou do meu ser. Divido-me então em alguém infurtunamente dotado de sentimentos que encarno e outro consciente do rumo sorridente que poderia dar à minha vida se não fosse tamanhamente aprisionada com objeções à felicidade a todo o momento, rejeições essas que muitas vez não existem na realidade, sendo fruto de um espírito negativo não compatível com o valor dos dígitos que compõem a minha idade. Esforço-me todos os dias para uma maior concentração em tudo o que acontece que possa iluminar a minha vida e em tentativas de que essa luz se venha a acender amanhã.

12 de janeiro de 2015 / Portugal

Cristiano Ronaldo demonstrou mais uma vez ser o principal, atrevo-me a dizer, orgulho do nosso pequeno país e um dos grandes motivos pelo qual o seu nome é reconhecido. Daí pus-me a pensar na entidade de Portugal neste planeta dotado de vida e sua relevância nele. 
Há dias não sei bem porquê estava no Youtube com as várias versões de "Bailando" listadas e notei que junto ao título da interpretada com Luan Santana se pode ler "versão portuguesa", enquanto que na versão de Iglesias e Mickael nada estava escrito. Por curiosidade verifiquei os comentários e de entre críticas intervenções com recurso a humor, tais como a dúvida de quanto o Carreira tinha pago para dar voz a um tema tão famoso, deparei-me com uma discussão entre portugueses e brasileiros. Os meus compatriotas defendiam que sem nós não passariam de índios, mas não foi isso que me chamou a atenção, mesmo sendo um facto que eles nem conseguiam nem poderiam negar. Desviei-a antes para a intervenção de uma americana que questionava se português era um dialeto ou uma variação do espanhol. Encarei isso com intriga e alguma revolta para com o reconhecimento que não foi atribuído à nossa língua que, sem exagero, é das mais faladas no mundo. Por fim, deixo a expressão que descreve de forma exagerada a situação que aqui indico e permitam-me o uso de semelhante linguagem, quando digo que trataram a nossa nação como "o cú da Europa", um destaque incrivelmente negativo do papel deste no continente.
Contrariando tudo o que observei e embora conserve a apreciação negativa a variados aspetos que cá noto, agradeço ter nascido num país tão belo e com tão agradável cultura.